quarta-feira, 5 de maio de 2010

Luís Antero | Gravações de Campo | Field Recordings


Galerias da Casa Municipal da Cultura de Seia

Podemos considerar os usos e costumes das gentes da Beira Serra, os seus saberes orais, as lendas de tempos imemoriais contadas pelas vozes da sabedoria popular, como produtos culturalmente endógenos?

A fauna e flora existente nas nossas serras, os rios, ribeiros e riachos que as enchem de vida cristalina, podem também ser considerados produtos culturalmente endógenos? Penso que sim!
Em Outubro de 2008, apercebendo-me pela 1ª vez que vários elementos ou cenários sonoros das zonas da Beira Serra e Serra da Estrela estavam a desaparecer (ou em vias disso acontecer), resolvi meter mãos à obra e documentar esses elementos.

Encontrei nas gravações de campo a forma ideal para essa documentação.

Assim, as minhas gravações de campo, de pendor essencialmente rural, visam promover e ao mesmo tempo preservar a memória fonográfica colectiva destas zonas do país. Este é um trabalho sempre inacabado…

A água dos rios, riachos, levadas, moinhos, roda, albufeiras; a fauna e flora abundantes destas zonas; a gente local, trabalhadora e humilde; a lavoura e trabalhos agrícolas; o som dos utensílios utilizados no campo; os chocalhos e campainhas utilizados pelo gado; as “caravelas” dos campos de cultivo; a matança do porco; o fabrico artesanal de enchidos e de queijo; as ambiências sonoras peculiares dos moinhos de água e de rodízio (activos ou não); a música de cariz (raiz) popular e etnográfica; etc., etc.
Tudo isto faz parte de um legado cultural, natural, ambiental e etnográfico únicos, que urge registar, preservar, promover e divulgar. Esta é a minha missão.

Luís Antero


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