segunda-feira, 30 de junho de 2014

Artigo de Sérgio Reis, sobre o Festival ARTIS



Decorre mais uma edição do Artis, a 12ª desde a criação da Associação de Arte e Imagem de Seia em 2001, um conjunto de eventos culturais de índole artística realizado anualmente em maio e centrado na exposição coletiva de artes plásticas. Criada como Festa das Artes em Seia, evolução natural das três grandes exposições coletivas que animaram o panorama cultural senense em 1999, 2000 e 2001, o Artis atingiu um novo pico qualitativo em 2011. 

No regresso da Artis em 2013, constrangida pelo clima de aperto financeiro e embaraço geral provocado pela injustificada suspensão do festival em 2012, falava-se acertadamente em “emergência criativa”, pois só por aí iremos mais além nos próximos anos, mas faltou convocar e reunir de facto vontades e interesses para transformar a emergência num caso bem sucedido de reanimação, valorização e promoção dos artistas e das artes locais.

Este ano, a exposição de artes plásticas apresenta 46 obras de desenho e pintura e 12 esculturas, cobrindo um grande número de técnicas e um vasto leque de sensibilidades artísticas. Do naturalismo à abstração, passando pelo surrealismo e nova figuração, podemos aí encontrar obras que exemplificam diversas tendências da arte moderna e contemporânea através do desenho, colagem, pintura (aguarela, óleo, acrílico, técnicas mistas), escultura em madeira, pedra, gesso ou bronze e a curiosa instalação de Joanne Hovenkamp. O nível artístico é elevado, havendo a destacar a participação de muitos artistas com obra premiada noutros certames, assim como de alguns jovens artistas senenses promissores. 

Entre os artistas senenses com presença regular na Artis, Ricardo Cardoso acrescentou cor aos seus habituais desenhos monocromáticos de grande dimensão, a tinta da china e vieux chêne, e Virgínia Pinto continua a surpreender pela positiva, com uma peça recente muito interessante em termos formais e interpretativos: "Nação... Cabeças Ocas, Futuro!", peças de calcário natural unidas por parafusos e arames, formando uma cabeça, oca, desprovida de cérebro.

O tema proposto pela organização da Artis, “A magia da nossa montanha”, valorizando “as tradições culturais, produtos, paisagens e pessoas”, foi trabalhado por diversos artistas e abundantemente desenvolvido pelos fotógrafos. A exposição coletiva de artistas senenses acolheu a fotografia em 2004 e esta rapidamente adquiriu expressão e autonomia, passando a ser exposta separadamente em 2007.

A exposição de fotografia da Artis XII, no foyer do cineteatro, reúne obras de 24 fotógrafos profissionais e amadores, a maioria dos quais buscou assunto nos encantos naturais da montanha, aprisionando os seus ecos mágicos em imagens magníficas, enquanto outros sublinham os aspetos culturais distintivos do sentir-agir regional, recorrendo por vezes a técnicas digitais para intensificar o sentido poético da imagem fotográfica.

Na inauguração oficial, na noite do dia 3 de maio, foram homenageadosIvo Mota Veiga e José António Baptista, o primeiro pela sua participação regular na Artis, tendo integrado a equipa organizadora da primeira exposição coletiva dos artistas senenses em 1999, e o segundo pelo seu percurso como animador educativo, na área da música e do teatro. Licenciado pela Escola Superior de Educação de Coimbra em Teatro e Educação, José Baptista lecionou a disciplina de Expressão Dramática/Teatro e foi um dos impulsionadores da Mostra de Teatro Infanto-juvenil (Motin). 

Desde 2000, foram homenageados os artistas Amílcar Henrique (homenagem póstuma), Pinho Dinis(2002), Helena Abreu (2003), Tavares Correia (2004), Xico Melo(2005), Sérgio Reis (2008), António Correia e Luiz Morgadinho(fotografia e pintura, 2009), Eurico GonçalvesJosé Carlos Calado eRicardo Cardoso (carreira artística, fotografia e pintura, 2010),António Nogueira e Jaime Reis (escultura e música, 2011), Ana Carvalhal e Carlos Moura (pintura e fotografia, 2013).

Sérgio Reis, Jornal Porta da Estrela, Seia




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