“Reflexos”
- as obras explicadas pelos seus autores
PINTURA
Título da obra: the Strength of Fragility (A Força da Fragilidade)
Tema: Reflection of the Invisible Soul (Reflexo da Alma Invisível)
“Um quadro ou um reflexo... No sentido de algo que se projeta a si mesmo em imagem… Pela Luz… Que determina o visível e o invisível, o claro e o escuro e/ou o obscuro…Reflexo projeção do objeto para além de si próprio… A minha pintura é o reflexo da minha essência mais profunda… E, recorrendo aos gregos Mais uma fantasmagoria do que uma imagem… Olhar a imagem, pensar e perguntar qual é o seu invisível in Teoria da Imagem e da Representação de Maria Teresa Cruz.”
BURT
Título da obra: “Enquanto espero…”
“O trabalho procura refletir sobre a ambiguidade do tempo e da própria vida. “Enquanto espero…” pretende ser uma reflexão sobre a vida, as experiências e sentimentos vivenciados, que o próprio tempo se encarrega de esbater ou minimizar a dor de lembranças, que nos conduzem, por vezes, de forma ambígua, ao sentimento melancólico da saudade.”
CRISTINA LOPES
Título da obra: Just blue and white (Apenas
azul e branco), 2016
“Obra inspirada na calmaria de uma noite de verão. Não
consegui ficar indiferente ao luar e imensidão do céu estrelado que observava.
Aquele luar estava inspirador, então senti como que um arrepio ao ver aquela
lua e elevei as mãos aos ombros apetecia pegar aquela lua, quiçá abraçar. Não
apetecia dormir mas sim trabalhar (pintar) e fui. Tranquilamente, iniciei o meu
trabalho, só azul e branco como o pedacinho do céu infinito que tinha acabado
de observar. Com uma lua e um abraço. E assim a altas horas da manhã mais um “Bebé” iniciou a sua gestação.”
DÁLIA VALE RÊGO
A peça
apresentada foi realizada em técnica mista sobre tela e é uma reflexão sobre o
caos de uma sociedade humana em permanente conflito.
A imagem
mostra como os atos humanos se modificam e se sobrepõem à natureza mãe,
transformando-a.
Todos os
conflitos são representados através da forma aleatória e “anárquica” do
movimento do pincel e da mancha.”
IRENE FELIZARDO
Título da
obra: “Reflexos”, 2016
“Reflexo é
um termo muito polissémico, sendo utilizado em várias áreas do saber, da
filosofia à botânica, da fisiologia à psicologia, etc.
Também as
artes, e nomeadamente a pintura, utilizam o vocábulo. No caso concreto da
pintura, mormente quando se pretende figurar o “efeito produzido pela reflexão
da luz”.
Júlia
Kristeva, estudiosa de linguística e literatura (búlgaro-francesa), afirmou um
dia que uma obra de arte é filha da sua época. Quer isto dizer, que as obras de
arte reflectem sempre o quadro de valores dominantes, num determinado período
ou época. A nossa não será, seguramente, uma excepção. De um modo geral,
pinta-se e escreve-se atendendo a códigos comummente aceites. Observar uma tela
é fazer uma viagem. Pode ser uma pequena ou grande viagem, mas sempre uma
viagem, durante a qual, o sujeito que observa tentará ler e compreender o que
lhe é proposto pelo autor. No caso vertente, poderíamos falar de
espiritualidade, transparência, leveza e alegria. Nestes meus “reflexos” há
dois planos ou situações distintos: a situação exterior (o mundo),
representando campos cantantes de cores; e, a situação interior (a mente do
artista), onde as estalactites - e outros elementos- se reflectem na água
existente na parte inferior. Não chega a haver uma descontinuidade total entre
os dois planos. Há um ponto de passagem que permite a utilização de cores com
tonalidades idênticas, que conferem unidade e beleza à obra.”
IVO MOTA VEIGA
Título da
obra: Not War
“A sua
paixão pela arte, tem como objetivo principal, transmitir sentimentos,
vivências, sonhos, anseios e devaneios.
Pensa e
sente sobre a vida real e tenta passar para a tela aquilo que poderia mudar, no
sentido de construir um mundo diferente, mais belo e melhor.
Assumindo-se
“multifacetado”, através de gestos instintivos, espalha diretamente as tintas
na tela, onde o acaso e o aleatório determinam a evolução da pintura,
transmitindo ao artista, uma satisfação e um prazer enorme.
Preocupado
com as questões ambientais, algumas das obras, também são executadas através da
temática reciclagem. O autor pretende mostrar que, através da imaginação e
criatividade, podemos reaproveitar todo o tipo de material, que por norma
deitamos fora.
Nas
últimas duas décadas, o artista plástico tem exposto, com o objetivo de
estimular as pessoas, a olharem para a arte como um importantíssimo manifesto
intelectual da nossa cultura.”
J. M. COSTA
Título da
obra: Reflexos de Marx, 2016
“O
tema do festival – Reflexos, remete de imediato, como associação livre, para a
célebre cena do espelho do filme dos Irmãos Marx, “Duck Soup”, de 1933. Com a obra pretende-se captar o absurdo da
condição humana, a perplexidade da confrontação connosco próprios e a dúvida metódica
sobre a essência da realidade, sob um fundo humorístico que nos ajuda a
suportar a incredulidade existencial e as temáticas a que nos devemos submeter.
Remetem-se para planos mais especulativos tudo o que já foi comentado sobre
este filme icónico: uma paródia à velha Europa no ano da ascensão do nazismo ao
poder na Alemanha, com olhar crítico e humorístico, não tão directo e
acutilante como o “Grande Ditador” de Chaplin (1940) mas talvez por isso mais
subversivo.”
Título da obra: “Urso
de peluche”
“Ao contemplar um olhar
sobre a vidraça, transmite-nos silêncio, paz de espírito, para podermos
encantar com um universo infinito, perfeito, que procura incansavelmente a
harmonia do equilíbrio.
Mas, por trás da
vidraça, por vezes degradada, danificada, ficam os reflexos, as memórias
vividas de um passado, ora alegre, ora de uma tristeza nostálgica, que nos
fazem lembrar que o tempo é sempre o mesmo, mesmo quando envelhecemos.”
JOSÉ ROSINHAS
Título da
obra: “OO”, 2015
“A obra,
datada de 2015, adapta-se ao tema proposto “Reflexos”. As duas letras “O”, ou
possíveis buracos para colocar os nossos olhos, poderão ser os indicadores para
os mesmos, observarem o mundo que nos rodeia, e o que nós podemos fazer para
melhorá-lo.
O melro
surge como um auto-retrato do artista, e do ser humano, que tem de se adaptar
ao Mundo que está em constante mudança.
Para
sobreviver temos de saber “voar”.
Título da
obra: Reflexos, 2016
“A crise
na banca e a contínua capitalização do sector por parte dos governos,
manequins, marionetas manipuladas pelos grandes grupos económicos e pela banca
internacional, conduziu à falência dos serviços públicos, nomeadamente nos
sectores da educação, saúde e segurança social, e consequentemente
descapitalizou as famílias, atirando-as para um empobrecimento abrupto e
criando um fosso abissal entre ricos e pobres.
Uma Europa
maioritariamente republicana e democrática, em que imperam demagogias e slogans,
como a proclamada igualdade, fraternidade e liberdade. Mero devaneio da
hipocrisia de uma classe política dominadora, semeadora de guerras e ódios, no
Médio Oriente e em África que, apocalipticamente se poderá estender a todo o
mundo, e nos instala numa nova era de medo e de terror, com atentados à bomba
em larga escala sendo responsável por uma catástrofe humana sem precedentes, a
crise dos migrantes.
O regresso
dos muros, do arame farpado, o cimentar do fascismo e o crescente neonazismo, o
ódio racial e a crescente falta de respeito pela vida, são o reflexo da má
politica em prol do capitalismo selvagem de uma classe que se abasta a si
própria, como se não houvesse amanhã, que tão pouco enxergam que hipotecaram o
futuro dos seus filhos, dos animais e da natureza.”
LURDES RODRIGUES
Título da
obra: O Outro Lado do Espelho
“Segundo a
explicação enciclopédica, “um caleidoscópio ou calidoscópio é um aparelho ótico
formado por um pequeno tubo de cartão ou de metal, com pequenos fragmentos de
vidro colorido, que, através do reflexo da luz exterior em pequenos espelhos
inclinados, apresentam, a cada movimento, combinações variadas e agradáveis de
efeito visual”. O nome "caleidoscópio" deriva das palavras gregas,
"belo, bonito", "imagem, figura" e "olhar (para),
observar".
O meu objetivo
ao responder ao desafio cujo tema proposto foi “Reflexos”, constituiu de
imediato um desafio à minha criatividade e procura de uma linguagem mais
abrangente para responder dignamente à proposta apresentada.
Tomando o
reflexo como conceito e ponto de partida, a temática utilizada aponta para
diferentes interpretações construtivas, desde a imagem refletida no espelho, a
imitação simples e a reflecção de uma série de ações e formas com múltiplas
leituras e interpretações (imagens, formas, ideias, sentimentos) ao
reproduzirem-se podem gerar novas possibilidades e experiencias.
O meu
trabalho foi desenvolvido tendo em mente, o reflexo do que somos, figurativo ou
não, materializado em formas, cores, movimento, simetria e sentimentos que
ficam registados implicitamente numa outra dimensão.”
M. SILVA CAMPOS
Título da
obra: “Manipulações”, 2016
“Manipulados
desde que nascemos, criamos sensibilidades, motivações e particularidades que
julgamos únicas, numa eleição de sequências e reconstituições de histórias e
espaços.
Conhece-te
a ti mesmo, é um reflexo da consciência como parte sustentável e progressiva de
contribuir para uma segurança interior.
O
autoconhecimento, diálogo de reflexos de manipulações elaboradas de uma
tradição cultural, são conversas consentidas de identificação e intervenção
subjetiva, libertadas na imaginação e no processo criativo.”
MAÍSA CHAMPALIMAUD
Título da
obra: Baht #4
Tema:
Reflexos da Tailândia
“Esta obra
integra a série "Baht" nomeada em função da moeda tailandesa. Intrigada
à descobrir novas formas e técnicas para se exprimir, a artista queria
representar uma viagem realizada à Tailândia em Agosto de 2014. Em busca de
explorar novos processos criativos, ativou sua memória com inspiração nos
mercados, plantas e na vegetação tailandesa que a remetesse intensamente para a
experiência vivenciada. A artista começou a desenvolver esta técnica utilizando
papel e pastéis de óleo para expressar os mercados da Tailândia numa só cor.
Inspirada nos registos fotográficos realizados na viagem, tornou seu trabalho
mais abstrato como se estivesse a revelar os negativos das imagens.”
Título da
obra: Algas
“Os seres
vivos que povoam o mar, a água e o seu movimento, a luz, a cor evidenciam
efeitos e reflexos diversos. Algas, num traço gestual e espontâneo pretende
mostrar essa multiplicidade.”
MARCO SANTOS
Título da
obra: Os Dispensáveis, 2015
“Num mundo
competitivo e frívolo, o ser humano é tratado como um mero ente numérico com um
único propósito produtivo, descartável no momento em que deixa de ser
necessário para um sistema que se alimenta do seu ser, que absorve a sua
humanidade e o transforma num utensílio de duração limitada.“ (Texto de Elena
Ojea)
MARIA BEATITUDE
Título da
obra: Reflexão
“Num universo
onde os reflexos de atitudes e comportamentos são analisados por toda a
sociedade, as mulheres da série Alienadas surgem como mulheres alheadas do
julgamento de uma sociedade global, valorizando ecos interiores, reflexos de
comportamentos, modos, estados e emoções.”
MÁRIO REBELO DE SOUSA
Título da
obra: Descanso
“Descanso”
é um tempo de reflexão onde paramos para melhor observar o que nos rodeia e o
que nos vai na alma. Com traços simples, personagens sem rosto questionam-se e
olham para nós ao mesmo tempo que vagueamos os pensamentos pelo infinito de
pequenas coisas. Um mosaico de sentimentos rendilhados a tinta da china. A
complexidade dos tempos e a simplicidade do gesto através de movimentos muito
trabalhados e de um colorido vivo capaz de captar o essencial dos olhares
ausentes e das expressões que se adivinham.”
MAURÍCIO MIRA
Título da obra: Quebrar o Gelo
“Assim como o navio quebra-gelo, cuja proa tem um formato
apropriado para quebrar o gelo permitindo que navegue através das águas geladas
e siga em frente, o jovem português procura quebrar o gelo, sair da rotina,
sair da inércia, transformar uma situação entediante em uma interessante,
arrisca. “
Título da
obra: Filosofia da Arte
“A obra
“Filosofia da arte” propõe uma viagem ao mundo do sonho que nos embala
quotidianamente em diversas circunstâncias. Os arabescos em traçado fino
envolvem o espaço preenchendo-o como se de um véu se tratasse. Dúvidas,
esperanças, espreitam de florestas escondidas onde se fundem ilusões em
matizados dourados.
Os sonhos
são pérolas cristalinas sobressaindo da obra como dádiva divina.
Espreitam
rostos anónimos de entre as sombras e através do floreado delicado sente-se uma
calmaria de luz suave.
Há uma
procura constante de luz no escuro que se sente na maneira como se organiza o
espaço pictural. Tentar preencher vazios através de personagens fugidios e da
luz/sombra.”
PAULO MEDEIROS
Título da
obra: Vidas, 2016
“Vidas que
se movem, que se escondem por detrás de outras vidas. Crescem, florescem e
avançam. Quem tomar a dianteira vai. Quem se esconder, fica.”
Título da
obra: Reflexos Metálicos
“Fisicamente o reflexo é o fulgor que um
corpo emite é uma emissão que depende do material em que é constituído o objeto,
da sua capacidade de devolver a luz, da sua superfície refletora.
Tomando o reflexo como conceito, duas
parábolas de sentido oposto emergem: a famosa história de Narciso e o conhecido
conto de Borges - O Aleph. Ambas
apontam para diferentes interpretações constitutivas do conceito do reflexo.
Entre as duas parece ter-se imposto culturalmente a lenda negativa de Narciso,
porque faz totalizar a ideia de reflexo na imagem do espelho.
Para mim, abordei simplesmente o reflexo
da luz numa base metálica, sem captação de imagem. É simplesmente a devolução
da luz numa superfície refletora que não capta imagem e não dá lugar a interpretações.
Fiz um quadro tão metálico quanto
possível a fim de refletir a luz que lhe incide, contrastando as reflexões das
várias superfícies pelos seus diversos suportes. Apesar de verdadeiramente
metálica, a rede e as peças apostas que cobrem parte do quadro, refletem
amplamente a luz mas o quadro propriamente dito já não.
O interessante desta abordagem é
precisamente esta dualidade.”
Título da
obra: Carnaval II, 2014
“Neste
quadro, onde há uma base cromática prévia, o colorido vai-se desenvolvendo em
diferentes tons que se vão impondo durante a execução e que vão apontando para
um resultado final que só então se começa a entrever, a ganhar vida. É o mundo
interior, sentido através das emoções que se procura expressar com espontânea
autenticidade.”
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