Decorre mais uma edição do Artis, a 12ª desde a
criação da Associação de Arte e Imagem de Seia em 2001, um conjunto de eventos
culturais de índole artística realizado anualmente em maio e centrado na
exposição coletiva de artes plásticas. Criada como Festa das Artes em Seia,
evolução natural das três grandes exposições coletivas que animaram o panorama
cultural senense em 1999, 2000 e 2001, o Artis atingiu um novo pico qualitativo
em 2011.
No regresso da Artis em 2013, constrangida pelo clima de aperto financeiro
e embaraço geral provocado pela injustificada suspensão do festival em 2012,
falava-se acertadamente em “emergência criativa”, pois só por aí iremos mais
além nos próximos anos, mas faltou convocar e reunir de facto vontades e
interesses para transformar a emergência num caso bem sucedido de reanimação,
valorização e promoção dos artistas e das artes locais.
Este ano, a exposição de artes plásticas apresenta 46
obras de desenho e pintura e 12 esculturas, cobrindo um grande número de
técnicas e um vasto leque de sensibilidades artísticas. Do naturalismo à
abstração, passando pelo surrealismo e nova figuração, podemos aí encontrar
obras que exemplificam diversas tendências da arte moderna e contemporânea
através do desenho, colagem, pintura (aguarela, óleo, acrílico, técnicas
mistas), escultura em madeira, pedra, gesso ou bronze e a curiosa instalação de Joanne
Hovenkamp. O nível artístico é elevado, havendo a destacar a participação
de muitos artistas com obra premiada noutros certames, assim como de alguns
jovens artistas senenses promissores.
Entre os artistas senenses com presença
regular na Artis, Ricardo Cardoso acrescentou cor aos seus
habituais desenhos monocromáticos de grande dimensão, a tinta da china e vieux
chêne, e Virgínia Pinto continua a surpreender pela
positiva, com uma peça recente muito interessante em termos formais e
interpretativos: "Nação... Cabeças Ocas, Futuro!", peças de calcário
natural unidas por parafusos e arames, formando uma cabeça, oca, desprovida de
cérebro.
O tema proposto pela organização da Artis, “A magia da
nossa montanha”, valorizando “as tradições culturais, produtos, paisagens e
pessoas”, foi trabalhado por diversos artistas e abundantemente
desenvolvido pelos fotógrafos. A exposição coletiva de artistas senenses
acolheu a fotografia em 2004 e esta rapidamente adquiriu expressão e autonomia,
passando a ser exposta separadamente em 2007.
A exposição de fotografia da
Artis XII, no foyer do cineteatro, reúne obras de 24 fotógrafos profissionais e
amadores, a maioria dos quais buscou assunto nos encantos naturais da montanha,
aprisionando os seus ecos mágicos em imagens magníficas, enquanto outros
sublinham os aspetos culturais distintivos do sentir-agir regional, recorrendo
por vezes a técnicas digitais para intensificar o sentido poético da imagem
fotográfica.
Na inauguração oficial, na noite do dia 3 de maio,
foram homenageadosIvo Mota Veiga e José António Baptista,
o primeiro pela sua participação regular na Artis, tendo integrado a equipa
organizadora da primeira exposição coletiva dos artistas senenses em 1999, e o
segundo pelo seu percurso como animador educativo, na área da música e do
teatro. Licenciado pela Escola Superior de Educação de Coimbra em Teatro e
Educação, José Baptista lecionou a disciplina de Expressão Dramática/Teatro e
foi um dos impulsionadores da Mostra de Teatro Infanto-juvenil (Motin).
Desde
2000, foram homenageados os artistas Amílcar Henrique (homenagem
póstuma), Pinho Dinis(2002), Helena Abreu (2003), Tavares
Correia (2004), Xico Melo(2005), Sérgio Reis (2008), António
Correia e Luiz Morgadinho(fotografia e pintura, 2009), Eurico
Gonçalves, José Carlos Calado eRicardo Cardoso (carreira
artística, fotografia e pintura, 2010),António Nogueira e Jaime
Reis (escultura e música, 2011), Ana Carvalhal e Carlos
Moura (pintura e fotografia, 2013).
Sérgio Reis, Jornal Porta da Estrela, Seia
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